À frente, as instalações solares Cesvimap em Ávila
TEXT DENISSE LÓPEZ | IMAGENS ISTOCK
Em novembro passado, realizou-se a COP27, a Cúpula sobre a Mudança Climática de Sharm El Sheikh (Egito), em outra tentativa de encontrar mecanismos que acelerem a redução das emissões de gases do efeito estufa e alcançar os objetivos de zero emissões.
Na MAPFRE sabemos que se trata de uma transição que concerne a todos, por isso queremos assegurar-nos de que nossas atividades e as emissões associadas contribuam, no máximo, para um aumento global da temperatura de 1,5 graus Celsius. Como amostra deste compromisso, a MAPFRE AM, a gestora de ativos do Grupo, com quase 40 bilhões de euros de ativos sob gestão, concebeu uma metodologia própria para o cálculo da pegada de carbono na carteira de investimento. O cálculo é importante porque, além de vir imposto por mais de uma frente regulatória, «serve para parametrizar, seguir os riscos associados à mudança climática e elaborar uma estratégia de redução de emissões por parte das empresas», conforme explica Javier Miralles, gestor de fundos de investimento da MAPFRE AM. Esta metodologia, que trata de complementar os cálculos já estabelecidos por outros organismos, estabelece diferentes tipos de medição da pegada de carbono sobre os investimentos em função da informação que se queira reportar e a finalidade desta. De fato, de maneira resumida, podem estabelecer-se cálculos em termos absolutos, relativos e de intensidade ponderados.
Em relação aos primeiros, também conhecidos como «GHG Emissions», procura obter as emissões totais anuais geradas dos ativos em carteira e imputar-se como próprias o que corresponda em função da participação sobre a empresa analisada. O segundo, denominado «Carbon Footprint» ou «Pegada de carbono», calcula as emissões absolutas do ponto anterior, mas relativizadas pelo tamanho do investimento. Por último, os cálculos de «Intensidade de carbono ponderada» ou «GHG intensity of investee companies», são segundo os especialistas as estimativas mais interessantes para o gestor porque dão informações sobre a eficiência de cada empresa e, portanto, de cada fundo e do benchmark.
Graças a esta metodologia própria, os analistas da MAPFRE AM asseguram que «se encontrou a solução mais sensata e elaborada possível para otimizar o reporte dos dados, dando uma explicação aos cálculos realizados o mais argumentada possível». A regulação e os cálculos definidos estão em pleno desenvolvimento e não abrangem todos os tipos de ativos. Por isto, a metodologia será suscetível de ir modificando-se à medida que a regulação proporcione visibilidade aos problemas expostos.
A medição da pegada de carbono sobre os investimentos encontra-se em uma etapa muito inicial tanto a nível regulatório como de qualidade e capacidade de reporte dos agentes implicados. Isto significa que os cálculos ainda são suscetíveis de ajustar-se. Para a MAPFRE, isto se explica porque «se encontraram uma série de problemas, a maioria deles de caráter teórico, dos que se precisaria de um desenvolvimento conceitual que a própria regulação não facilita. E não só a nível conceitual, também ao nível de reporte observamos que há uma grande quantidade de ativos que não facilitam os dados necessários para o cálculo».
De fato, uma das críticas mais fortes que se faz à regulação, e que muitas partes interessadas relatam nas consultas realizadas nos RTS (Regulatory Technical Standards), é que parece estar centrada e proporciona propostas de cálculo unicamente à renda variável cotada e renda fixa corporativa, quando as carteiras estão compostas por muito mais tipos de ativos. O grande problema, explica a MAPFRE AM, é que «existe uma série de dificuldades na hora de realizar os cálculos para outros tipos de ativos que a própria regulação não esclarece». É o caso, por exemplo, de ativos financeiros, futuros, fundos de terceiros, ETF ou a renda fixa governamental. À medida que se vai definindo a regulação, especificando-se a maneira exata de realizar os cálculos e otimizando-se o acesso aos dados, o reporte da pegada de carbono será cada vez mais exato. Em qualquer caso, como consequência da metodologia concebida, a MAPFRE hoje sabe que entre 2019 e 2021 reduziu em 1.167.483 de toneladas as emissões de CO2 associadas a seus investimentos. Isto equivale a todas as emissões que uma cidade de 200.000 habitantes gera em um ano.
Os dados foram proporcionados atendendo aos compromissos que se desprendem da “Corporate Sustainability Reporting Directive proposal” (CSRD)” e da “Sustainable Finance Disclosure Regulation” (SFDR), que mostram a medição de sua pegada de carbono considerando seus diferentes alcances como negócio.
Compromisso com a descarbonização
A consideração do impacto ambiental dos investimentos faz parte da estratégia que a MAPFRE está realizando para reduzir sua pegada de carbono dentro de todas as suas atividades e alcances. No âmbito de seu Plano Estratégico de Sustentabilidade 2022-2024, dentro do conceito #AParteQueNosToca, a MAPFRE se comprometeu com contribuir para a descarbonização da economia, visando a alcançar a neutralidade de emissões de efeito estufa até 2050, ou seja, zero emissões líquidas em suas carteiras de assinatura de seguros e resseguros.
O Grupo fixou dentro de seu Plano de Pegada Ambiental 21-30 um compromisso de redução da pegada de carbono em 50% em 2030 em relação ao ano de 2019. Trata-se de melhorar o êxito prévio, quando em 2020 se reduziram em 67% as emissões de GEI em relação às de 2013. Outra das linhas de trabalho incluída neste plano é a das compras sustentáveis. Com o conceito de «Compra Verde», o objetivo é implementar um modelo de aquisição de produtos, serviços, obras e contratos, em cuja avaliação sejam incluídos aspectos ambientais que assegurem o mínimo impacto ambiental durante seu ciclo de vida.