TEXTO NURIA DEL OLMO| Fotografias MAPFRE, ISTOCK
Como afetam os desastres naturais o setor segurador?
Graças a que existe o seguro, a sociedade pode proteger-se, pelo menos economicamente, contra os desastres naturais. Estamos falando de fenômenos extremos e a tendência é claramente crescente, o que leva a que a cada década o custo dos desastres aumente muito. Os números dos últimos 10 anos foram chocantes: a média das indenizações por desastres naturais atingiram nestes anos 75.000 milhões de dólares e os danos totais superaram 145.000.
E tudo está relacionado com a mudança climática?
Está sim em uma parte importante. Cada ano acontecem mais eventos catastróficos destrutivos de origem atmosférica ou meteorológica, como furacões de categoria 4 e 5. Também incêndios florestais e secas, que antes considerávamos fenômenos de menor severidade, mas que hoje provocam grandes perdas. Além disso, é muito importante salientar um último fator, que é o aumento da população exposta a estes desastres. Por exemplo, 40% da população mundial vive a menos de 100 quilômetros da costa, incluindo áreas muito expostas a tormentas tropicais. E nem todas as pessoas contam com um seguro de proteção, tornando-os enormemente vulneráveis.
O que destacaria do papel atual do setor segurador na prevenção ou gestão de eventos climáticos extremos?
As seguradoras assumimos #AParteQueNosToca que, em definitiva, é uma parte importante dos danos causados pelos desastres naturais. Fazemos isto desde que existimos, o que nos confere muita experiência na gestão deste tipo de riscos. Quanto melhor fizermos isto, mais ajudaremos à sociedade a estar mais e melhor protegida, e seremos mais resilientes diante da mudança climática. Uma peça-chave em todo o processo é quantificar corretamente este tipo de riscos, para proteger nossa solvência e garantir que contamos com o capital suficiente para enfrentar as indenizações dos segurados. Infelizmente, grande parte destes danos não estão segurados, coisa que sem dúvida deveria mudar. Para isso, é necessário continuar com o fornecimento de soluções viáveis que cheguem a mais pessoas, especialmente aquelas que contam com menos recursos econômicos, e continuarmos com a conscientização da sociedade sobre o papel desempenhado pelo seguro, uma atividade que é totalmente necessária para garantir a atividade econômica e consolidar o estado do bem-estar.
“Demoramos tempo demais em identificar e reconhecer o problema”
“O seguro é uma atividade completamente necessária para garantir a atividade econômica e consolidar o Estado do Bem-Estar”
“Acredito que é importante modificarmos nossos hábitos de vida e atuar como alto-falantes”
Como atua a MAPFRE para reduzir o impacto de um desastre natural?
Atualmente, utilizamos um modelo de gestão que nos permite, por exemplo, identificar os perigos aos quais estamos expostos e estimar possíveis cenários de desastre. Deste modo conseguimos avaliar o custo que poderíamos sofrer em caso de um desastre natural. Tudo isso também nos permite estabelecer proteções financeiras adequadas e definir planos de continuidade de negócio para atender aos nossos clientes de forma rápida.
O furacão Maria, acontecido em 2017, foi um exemplo de como impulsionar a reconstrução de um país que sofreu as consequências de um desastre natural.
Efetivamente, o furacão Maria, que assolou Porto Rico há quatro anos, testou nossa capacidade de organização e de atendimento aos nossos clientes. A MAPFRE gerenciou mais de 93.000 reclamações (quase 25 vezes mais do que em um ano normal) e foi das poucas empresas em estar operacionais desde o primeiro momento com, por exemplo, linhas de atendimento telefônico 24 horas, apoio médico e psicológico para funcionários, e uma equipe de voluntários focadosem ajudar à sociedade. É um orgulho fazer parte de um sistema que ajuda a sociedade a se de recuperar infortúnios tão duros quanto estes. A solvência das seguradoras é essencial.
O que acredita que acontecerá nos próximos anos se não tomarmos as medidas para proteger o planeta?
Acredito que o ser humano tem uma enorme capacidade de superação e adaptação e que, eventualmente, iremos nos transformar em uma sociedade mais amiga do meio ambiente. Mas reconheço que não estamos indo no ritmo desejado, e que isto implica um importante custo. Demoramos tempo demais em identificar e reconhecer o problema, e ainda resta muito trabalho para sermos conscientes dos inconvenientes e reagir. Acredito que, se formos capazes de explicar com clareza as consequências da mudança climática, de maneira a gerar uma preocupação nos cidadãos, teremos mais possibilidades de produzir a mudança.
“El huracán maría, que asoló puerto rico en 2017, puso a prueba la capacidad de organización y de atención de MAPFRE a sus clientes”
Com que ações considera que poderíamos contribuir cada um de nós para evitar ou atenuar as consequências da mudança climática?
Para começar, acredito que é fundamental modificarmos nossos hábitos de vida para torná-los mais sustentáveis. Estou me referindo, por exemplo, a reduzir o consumo de energia, não desperdiçar água, reciclar mais e, sem dúvida, estender a vida de tudo o que compramos. Também considero que devemos agir como alto-falantes e compartilhar nossa visão, encorajando a conscientização entre familiares e amigos, e exigindo de nossos responsáveis políticos que respondam ao desafio com medidas concretas e orçadas. Cada um de nós deve ser protagonista desta transformação.
Qual é o compromisso da MAPFRE?
Há alguns anos estamos plenamente comprometidos com a descarbonização da economia, peça-chave de nossa aposta pelo desenvolvimento sustentável. Seu Plano de sustentabilidade 2019-2021 inclui objetivos específicos para proteger o meio ambiente e conter os efeitos das mudanças climáticas. Entre eles, a MAPFRE deseja ser uma empresa neutra em carbono a nível internacional até 2030, para o qual está implementando uma série de ações importantes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Na Espanha e em Portugal, especificamente, o objetivo de neutralidade será atingido este ano, o que tecnicamente se traduz no cancelamento de 61% das emissões de gases de efeito estufa do Grupo MAPFRE a nível global. Também estamos trabalhando para reforçar os modelos de análise de riscos ambientais, sociais e de governança de forma integral, de uma perspectiva de negócios e de investimentos. Faz parte do seu compromisso público de não investir em empresas em que 30% ou mais do seu faturamento seja proveniente de energia produzida a partir do carvão, além de não garantir a construção de novas usinas de geração de energia elétrica a carvão ou a exploração de novas minas.
Novas medidas
Recentemente, a MAPFRE reforçou a sua política de assinatura, com medidas destinadas a não assegurar a construção de novas infraestruturas relacionadas com minas de carvão ou centrais térmicas, bem como não assumir novos riscos relacionados com as areias de alcatrão (ou petróleo), nem com projetos relacionados a petróleo ou gás no Ártico. Atualmente, a empresa está trabalhando em um novo Plano Corporativo de Impacto Ambiental, após fechar com sucesso o anterior, com o qual alcançou uma redução de 56% nas emissões, quase três vezes mais do que o esperado.
Ações concretas para proteger o planeta
Implantamos medidas de ecoeficiência nos prédios para economizar energia, água e papel.
Investimos em energias 100 % renováveis.
Promovemos a mobilidade sustentável entre funcionários e clientes.
Auxiliamos às pequenas e médias empresas de carbono no cálculo de sua pegada de carbono.
Reduzimos resíduos e reciclamos. A sede social já iniciou seu caminho para o resíduo zero.
Desenvolvemos seguros específicos para veículos híbridos e elétricos.
Conscientizamos nossos públicos de interesse no cuidado do planeta.