ENTREVISTA COM ANTONIO NUÑEZ

Jul 30, 2018 | Entrevista

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Entrevista con Antonio Nuñez, vicepresidente de MAPFRE y director general corporativo de Recursos, Medios y Coordinación Institucional de MAPFRE.

TEXTO LUZ GARCÍA (@LuzGCajete) | FOTOGRAFÍAS JOSÉ MARÍA SANCHEZ BUSTOS

“Logo depois de entrar na MAPFRE, já percebi que estava chegando a outra dimensão empresarial, a outra maneira de fazer as coisas”

Você entrou na MAPFRE em 1992, justamente quando o nascimento desta revista estava sendo preparado. Naquela época, dava para ter uma ideia do desenvolvimento que a companhia iria ter depois?
Entrei na CORPORAÇÃO MAPFRE em outubro de 1991, depois de conhecer, primeiramente, Alberto Manzano e, pouco depois, José Manuel Martínez. Saí da empresa em que fazia 13 anos que trabalhava, La Unión y El Fénix Español, uma companhia de seguros que já não existe, mas que foi líder durante várias décadas no campo de seguro espanhol, e que estava passando por uma crise na ocasião. La Unión y El Fénix Español, uma companhia de seguros que já não existe, mas que foi líder durante várias décadas no campo de seguro espanhol, e que estava passando por uma crise na ocasião. Inclusive, como presenciei pessoalmente o começo da decadência da empresa, não estaria mal mencionar o que aconteceu: “Um sintoma de decadência das empresas, que aparece em noventa por cento dos casos, é quando a diretoria e os funcionários começam a achar que sua empresa é muito especial, que tudo o que fazem é excelente, que são os melhores e que não existe concorrência que possa com ela. Enfim, isto o que se chama de ‘olhar para o próprio umbigo’, um sintoma inicial da decadência.” Por isto é tão importante ser humildes, um ponto no qual sempre insistimos nesta empresa. Não devemos perder essa humildade, que faz com que continuemos nos esforçando todos os dias.
Pouco depois de chegar na MAPFRE, já percebi que estava entrando em outra dimensão empresarial, em outra maneira de fazer as coisas: o tratamento, a proximidade entre os executivos e as equipes respectivas, a disposição de assumir novos desafios, a força de certos princípios, etc. eram motivos mais que suficientes para entender por que a MAPFRE tinha chegado a um sucesso empresarial sem precedentes. Na prática, isto se deveu à conjunção de diversos aspectos que foram determinantes: por um lado, desde a década dos setenta, o mercado de seguros espanhol manteve um crescimento exponencial, revolucionando o modo de vender seguros graças à consolidação de uma rede própria, jovem, cheia de sonhos, comprometida, ambiciosa e apaixonada pela sua empresa, que deixou de lado os modelos clássicos pouco profissionais. Essa rede se expandiu por todo o território nacional e fez do trabalho sua religião.
Por outro lado, encalcou uma precisão técnica extraordinária nas áreas de subscrição, no modo de processar os sinistros e, por último, a visão de serviço aos clientes, embora pudéssemos enumerar muitos outros aspectos. Por isso, desde que entrei na companhia, era consciente de que estava passando a fazer parte de uma empresa especial com uma capacidade extraordinária para ser grande. Com o passar do tempo, vi que minha intuição não falhou.
O que continua existindo dessa MAPFRE de há 25 na que existe hoje, e o que mudou?
Não se pode afirmar que chegamos até aqui por pura mágica. Como é natural, a MAPFRE de hoje em dia está impregnada de todas as vivências e revezes do passado. Na MAPFRE, mais do que mudanças espetaculares, houve transformações e adaptação às novas circunstâncias e necessidades. Portanto, responderia à sua pergunta de que o que ainda existe dessa MAPFRE de 25 anos atrás dizendo que a essência é idêntica, mas foram realizadas transformações muito importantes.
Apesar disso, acho que houve um fato diferenciador entre a MAPFRE de há 25 anos e a atual que afetou todas as áreas da empresa, e é o processo de internacionalização que fez com que sejamos maiores e, mesmo que pareça uma incongruência, mais humildes.
 

EU COSTUMO DIZER MUITAS VEZES QUE UMA EMPRESA PODE TER TODOS OS RECURSOS FINANCEIROS DO MUNDO, MAS SE NÃO TEM UMA EQUIPE DE PESSOAS COM TALENTO, SUA RIQUEZA NÃO SERVE PARA NADA – O SEGREDO SÃO AS PESSOAS.

 

Ao longo da sua trajetória, você ocupou muitos cargos de responsabilidade em várias áreas (Auditoria, América, RH, entre outras). O que ficou de cada uma dessas etapas?
Vou ser muito sucinto. A etapa na Diretoria de Auditoria da Corporação MAPFRE permitiu que eu conhecesse todas as entidades da MAPFRE com bastante profundidade, seja as sediadas na Espanha como as localizadas no exterior. Não resta dúvida que, no começo da vida profissional, a área de auditoria é a melhor escola que uma pessoa possa ter. Minha vivência na Diretoria Geral da MAPFRE Internacional representou, sem dúvida alguma, a etapa mais extraordinária na minha vida profissional. Eu teria material para escrever um livro. Conhecer os países, suas culturas, seus ensinamentos, o processo de transmissão dos princípios e valores da MAPFRE, o processo difícil de selecionar e transferir as melhores práticas de uma empresa para outra, que não é nada fácil, aprender a respeitar e potencializar o talento local, etc., foram alguns dos inúmeros aspectos que foram consolidando minha forma de compreender a empresa.
Eu costumo dizer muitas vezes que uma empresa pode ter todos os recursos financeiros do mundo, mas se não tem uma equipe de pessoas com talento, sua riqueza não serve para nada – o segredo são as pessoas. Minha etapa na área de RH fez com eu compreendesse que o sucesso no crescimento e na execução de qualquer atividade realizada pelo ser humano – neste caso específico, a empresarial – depende fundamentalmente do fator humano que participe dela. Portanto, tudo o que investirmos na sua formação profissional, no seu desenvolvimento, qualificação, consolidação das suas expectativas justas, etc. significará contribuir exponencialmente para o sucesso da empresa.

AO CHEGAR À FUNDACIÓN FOI QUANDO ENTENDI A FRASE NO SEU SENTIDO LITERAL: “A MAPFRE TEM QUE DEVOLVER À SOCIEDADE UMA PARTE DOS BENEFICIOS QUE OBTEVE NA SUA ADMINISTRAÇÃO EMPRESARIAL”

 
E, afinal, chegou à vice-presidência do Grupo; como foi esse momento para você?
Chegar à vice-presidência da MAPFRE foi, sem dúvida alguma, o maior orgulho e responsabilidade que tive na vida do ponto de vista profissional. A participação direta e comprometida nos processos de decisão do conglomerado empresarial da MAPFRE, que é complicadíssimo, preencheu minha vida nestes últimos sete anos. É verdade que você passa por momentos complicados e difíceis; eu costumo falar que, no topo da pirâmide de decisões, às vezes chegam os problemas mais difíceis em busca de uma solução, mas também é verdade que você participa dos sucessos empresariais com uma consciência maior que em outras posições.
Na sua opinião, o que a Fundación MAPFRE traz para o Grupo? E para a sociedade?
A Fundación é a alma da MAPFRE, é a parte espiritual da nossa organização, um orgulho para todos nós que trabalhamos na MAPFRE ter conosco uma instituição com a categoria e a solvência desta. É uma grande alegria ver como todas as pessoas, cada uma na sua área de responsabilidade, está trabalhando pensando sempre no que deve fazer para melhorar a vida de milhões de pessoas. Passei por momentos maravilhosos na nossa Fundación, vi como seus recursos, infelizmente sempre limitados, são aplicados diretamente, por meio de colaborações em atividades que servem de benefício constantemente para os cidadão.
Quando cheguei à Fundación foi que entendi a dimensão exata da frase que ouvi tantas vezes, repetidamente, desde que cheguei nesta casa: “A MAPFRE tem que devolver à sociedade uma parte dos benefícios que obteve na sua administração empresarial”. A Fundación é o instrumento qualificado da MAPFRE para depositar na sociedade esses recursos destinados à pesquisa, à cultura, aos estudos, a atender às necessidades mais básicas de grupos socialmente menos favorecidos. A Fundación representa um orgulho para MAPFRE e confere outra dimensão à companhia.
Eu gostaria de aproveitar a oportunidade para pedir aqui, a todos os funcionários da MAPFRE que se aproximem
ao nosso voluntariado, porque é a melhor maneira de colaborar com este enorme projeto social.
Se você tivesse que guardar uma única lembrança destes últimos 25 anos (de um momento, um evento, uma decisão…), qual seriam eles?
São muitas lembranças, mas como preciso ser específico, eu ficaria com estes:
• Momento: a primeira visita a uma empresa MAPFRE no exterior: Seguros Tepeyac, em 1992, no México. Foi impressionante; trabalhamos muito para conhecer a empresa a fundo. Fiquei impactado com o México, talvez por ser de Estremadura, e o ano em que fui pela primeira vez, teve muito a ver.
• Evento: o melhor evento da MAPFRE é o que presencio todos os anos, quando assisto a convenção da de MAPFRE Espanha, Vida e Portugal. Além dos fatores extraordinários dos países visitados, o jantar de gala, para os premiados, que é um acontecimento de primeira grandeza, aqui a gente percebe o que é extraordinário e inigualável na nossa empresa: a cerimônia de entrega de prêmios, impactante, a simplicidade das exposições dos participantes, sua emoção, sua concorrência saudável, o carinho que têm pela MAPFRE… Tudo isto faz com que essa cerimônia seja um momento emotivo, comovente, cheio de simbolismo.
• A decisão: neste caso, gostaria de mencionar duas coisas: o processo de internacionalização da MAPFRE, que fez com que liderasse o conjunto de empresas espanholas que procuraram expandir seus negócios além das nossas fronteiras, principalmente na América, em uma etapa inicial, com as dificuldades tão extraordinárias que isso representou. Eu me lembro, inclusive, que esse processo foi muito criticado dentro da própria MAPFRE. A desconexão da mútua, além de ter sido um processo exemplar quanto aos seus procedimentos, e eticamente impecável, permitiu que déssemos passos agigantados no desenvolvimento e crescimento do nosso Grupo.
 

A VIDA ME TRATOU MUITO BEM. MINHA FAMÍLIA É A MELHOR DO MUNDO, MEUS AMIGOS SÃO AQUELES DE VERDADE. PROFISSIONALMENTE, ALCANCEI METAS MUITO IMPORTANTES E PARTICIPEI ATIVAMENTE DE UM PROJETO EMPRESARIAL DE
PRIMEIRA DIVISÃO.

 

Como você vê a MAPFRE do futuro?
A MAPFRE já está consolidada como uma das grandes companhias de seguros em nível mundial, admirada por todos os “players” internacionais do negócio de seguros. A MAPFRE tem um talento extraordinário em todos os níveis da sua organização; o staff executivo, tendo seu presidente à frente, é de primeiríssima categoria, trabalha em coesão e cheio de sonhos. Temos equipes que se aprofundam com afinco nas novas tecnologias e na análise dos comportamentos futuros previsíveis dos clientes no mundo do seguro. A MAPFRE está se preparando para ser, uma vez mais, a primeira no ambiente digital disruptivo e em mutação que é este em que vivemos hoje em dia.
Se acrescentamos a tudo isto que continuamos tendo a precisão técnica, a especialização dentro da visão global, o elã comercial, o espírito de serviço de qualidade para o cliente e seus princípios empresariais intactos, então não resta a menor dúvida de que o futuro está seguro, literalmente falando.
E, para encerrar, como você está assumindo esta nova etapa?
Feliz. A vida me tratou muito bem. Minha família é a melhor do mundo, meus amigos são aqueles de verdade. Profissionalmente, alcancei metas muito importantes e participei ativamente de um projeto empresarial de primeira divisão. Além disso, por decisão do nosso querido presidente, Antonio Huertas, continuarei ligado a ele, o que me permitirá ver a evolução futura do nosso Grupo MAPFRE de outras posições.
Não descarto a possibilidade de me aproximar novamente da Universidade no duplo papel de docente e de aluno. Resumindo, tenho muitos planos. Vamos vendo pouco a pouco e tomando decisões, é claro, com muita calma.
E, principalmente, dedicar-me à minha querida família, à que não pude dedicar tanto tempo nesta etapa da minha vida que deixo agora.

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