Sarah Harmon CEO DA LINKEDIN NA ESPANHA E EM PORTUGAL

Dec 28, 2017 | Protagonistas

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“Tudo o que você fala no LinkedIn ajuda a criar sua marca pessoal”

A LinkedIn possui mais de 500 milhões de membros no mundo todo e 9 milhões de empresas em 200 países, sendo hoje a rede social profissional mais global. Falamos com a CEO da companhia na Espanha, Sarah Harmon, que nos conta os pontos mais importantes para uma atuação bem-sucedida na Web. Além disso, ela nos conta a visão do LinkedIn e as chances que ele oferece para empresas e profissionais.

TEXTO LUZ GARCÍA (@LuzGCajete) | FOTOGRAFIAS ALBERTO CARRASCO

 

O que é o LinkedIn propriamente dito? O que ele pode oferecer às empresas?

O LinkedIn é um canal de comunicação e de relação no campo profissional que tem muitos objetivos e aplicações que vão além da procura de um novo emprego, que é tão associado à Web. Se pensarmos que apenas 20% dos usuários estão procurando emprego ativamente, então é por que 80% estão fazendo outras coisas, como networking, compartilhando conteúdo, experiências, ideias, conversando sobre assuntos que é de interesse, e assim por diante. Nossa missão é fazer com que os profissionais sejam mais produtivos e tenham mais sucesso.

Também é uma boa plataforma para reforçar a marca, fazer negócios, procurar cliente, e outras coisas. O LinkedIn é uma nova forma de relações públicas, que agora são as relações sociais. As pessoas querem experiências com as marcas e o LinkedIn oferece uma forma para conseguir isso. E isto não é feito com a empresa como uma entidade anônima, mas sim com as pessoas que fazem parte dela e que são seu lado mais humano.

No entanto, muitas têm dificuldade para conversar nas redes sociais, isso lhes assusta… Como é possível vencer esta resistência?

É verdade que o fato de receber uma resposta ou ser rebatidas gera certa ansiedade em muitas empresas. Apesar disso, seu público está aqui, nas redes sociais, por isso, elas devem estar ao seu lado. E isto é o que acontece com o LinkedIn, porque temos a vantagem de estar dentro de um contexto, diferente de outras redes. Nós trabalhamos com nomes e sobrenomes, com cargos reais, não com o anonimato. Estamos aí para conversar sobre coisas interessantes com os outros. Tudo o que você fala no LinkedIn está ajudando a criar sua marca pessoal, e repercute nela. Por isso, aqui, todos nós somos um pouco mais cuidadosos.

As empresas precisam vencer essas reservas contra conversar, porque esta é uma plataforma social, e a palavra chave é justamente essa: social. Agora, elas precisam se esforçar para ser autênticas e agir de maneira coerente com a sua cultura. Neste sentido, o LinkedIn oferece uma ótima oportunidade de mudar a imagem que se tem das empresas. Muitas grandes empresas estão conseguindo exibir seu lado mais humano, mudando, assim, a ideia que a sociedade tinha delas.

 

“Nossa visão se chama The Economic Graph. Queremos digitalizar a economia global a fim de melhorar as chances econômicas do mundo profissional como um todo”

 

 

Qual país tem as práticas mais interessantes no LinkedIn?

Os Estados Unidos são uma referência bem clara, mas, na Europa, eu gostaria de realçar o caso da Holanda, que é onde a plataforma foi mais bemsucedida, tanto em presença (90% dos profissionais) como em retorno do investimento. Possivelmente por ser um país pequeno, com visão comercial e que sempre teve que fazer negócios fora das suas fronteiras, tenha a cultura profissional adequada para agir em canais globais para poder criar negócios.

Na Espanha, também está começando a acontecer mais ou menos a mesma coisa. As empresas que mais usam a plataforma aqui na Espanha são as multinacionais ou aquelas que precisam crescer fora da Espanha e que estão em busca de visibilidade como marca internacional.

Em países como os EUA, os CEO desempenham um papel muito ativo no LinkedIn. Na Espanha, é mais difícil. Por que você acha que isso acontece?

É verdade mesmo, mas essas barreiras precisam ser vencidas. A visibilidade é muito importante para os executivos. Existem dois tipos de capital profissional no mundo: um relacionado com o rendimento, que a sua experiência no seu trabalho, seus estudos, e um capital relacional. Na primeira fase das nossas carreiras, a coisa mais importante é capital de rendimento, mas à medida que você vai subindo na pirâmide, isso muda para a minha imagem profissional, com quem estou conectado, com quem me relaciono… tudo isso é cada vez mais importante. Apesar disso, muitas pessoas se esquecem deste lado. Aquilo que fazemos visivelmente nas redes sociais deve estar de acordo com a visão que queremos mostrar da nossa vida profissional.

O que acontece é que se expor a críticas assusta, mas não se deve pensar apenas nos riscos, mas também nas chances. Eu vi no LinkedIn muitos elogios que fizeram a empresas por suas ações positivas ou pelos comentários que foram feitos pelos seus executivos.

Outra questão para os CEOs é que a presença nas redes sociais exige tempo. Além disso, eles precisam de assessores para gerenciar seu perfil público, uma coisa que eles fazem sem problemas para levar suas relações com os meios de comunicação, mas que têm mais dificuldade de aceitar para as redes.

É importante considerar que o mundo está mudando. Em 2020-2025, 75% dos funcionários e dos consumidores serão millenials… E os millenials consomem menos meios convencionais ( jornais, televisão, etc.) e mais notícias em canais de social media. Por isso é importante vencer esse medo e essa preguiça que tudo o que é social nos dá, caso contrário vamos perder negócios e visibilidade.

 

Qual conselho você daria às empresas e aos executivos para serem bem-sucedidos no LinkedIn?

Sem dúvida alguma, os conteúdos de maior sucesso no LinkedIn são as fotografias e os vídeos. Por isso, as empresas precisam mudar o tipo de conteúdo compartilhado e não pensar mais em emitir comunicados de imprensa pelas redes sociais. O jeito de se comunicar precisa mudar, e é preciso começar a elaborar o conteúdo que o usuário está procurando, que é, em princípio, material que pode ser lido rapidamente, fotografias de projetos, vídeos de, no máximo um minuto de duração… Nós somos visuais.

Outro conselho é mostrar o lado humano da empresa ou do executivo. Os conteúdos que melhor funcionam são aqueles que as pessoas compartilham sobre seu dia a dia na firma: uma reunião, um momento no seu dia de trabalho, a chegada ao serviço, etc.

Também é importante ser você mesmo, mostrar como é realmente, dar uma imagem verdadeira da empresa e que seja coerente com aquela que é demonstrada por meio de outras experiências. Do contrário, será difícil de acreditar.

Finalmente, é preciso perder o medo. Isso não é tão difícil quanto parece e, além disso, as relações sociais custam muito menos que as relações públicas tradicionais.

Como você encara o LinkedIn daqui a 5 anos? Para onde empresa está caminhando?

Temos uma visão para dez anos que foi lançada há cinco e é denominada The Economic Graph. O que nós queremos é digitalizar a economia global com a visão de melhorar as chances econômicas do mundo profissional como um todo. Queremos ter uma representação de todos os profissionais do mundo, de todos os setores de atividades, com suas competências. Representação de todas as organizações que oferecem chances de trabalhar, inclusive nas universidades e escolas técnicas, entre outros, para que os profissionais possam adquirir aquelas competências que as empresas exigem, caso ainda não tenham. Além disso, conhecimento, para que a projeção dos profissionais possa ser aperfeiçoada.

Para isso, precisamos crescer, convencer os profissionais do mundo que o LinkedIn é o lugar onde eles podem melhorar suas chances.

Você diria que o talento é a matéria-prima do LinkedIn?

Sem dúvida alguma. Por exemplo, é a nossa principal arma contra a rotatividade, para ter o talento. E é preciso levar em consideração que, dos nossos 10.000 funcionários, 6.000 estão no Sillicon Valley, onde a competência pelo talento é terrível. Não podemos concorrer economicamente com todas as empresas que estão, mas fazemos por intermédio do nosso propósito, do qual sentimos que fazemos parte. Além disso, também sabemos que o LinkedIn nos valoriza.

“Eu vi que a MAPFRE deu um passo à frente radical no LinkedIn nos últimos anos. Muitos funcionários estão participando das conversas, é mostrado um lado muito humano da empresa.”

 

 

 

 

 

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